sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Pra que isso

Marcela foi a primeira paixão
Joana, o primeiro tesão
Aline, o primeiro trato
Edilene foi a primeira de fato
Aquela dos olhos verdes no carnaval
Foi a primeira do tal amor platônico
Marcela me deixou atônito
Ana Clara foi a primeira voz
Juliana foi primeira de nós
Edilene, a primeira de um rapaz
Aline, a primeira que eu deixei pra trás
Larissa foi a primeira cor de cuspe
Nice, a primeira de fuligem
Carrapato, a primeira fuleragem 
Ana Lívia, a primeira virgem
Rosana, a primeira do exílio
Ananda, a primeira por alívio
Nathália, a primeira atrás da igreja
Nathalia foi a primeira discussão com os amigos de cerveja 
Atrícia, Marcella, Iara
Esmeraldas, grandes conquistas
Mila, o primeiro amor de odara
Camila ainda não entrou na lista
Amanda se doara
Antes mesmo da conquista
Priquito de Borracha, numa noite trágica
Aninha, mágica
Cíntia, só física
Bárbara foi mais que desejo
Alessandra, só babujado
Alê foi só um beijo
Bebella foi o primeiro amor
De papel passado a limpo
E a primeira grande decepção
E queda do limbo
Ritinha, meu primeiro não
Das três irmãs, fui o último irmão 
Mas não cheguei a ser o último primo

Isso tudo pra falar de ti
E tu, quem foi?
Quem foi nada,
Quem tu é!
Meu primeiro e único 
Inesquecível

No Forró

Teve ciúme nos teus olhos
Teve, que eu sei
Teve ciúme nos teus olhos
Teve, meu bem

E nem adianta me dizer
Que teu olhos de Cleópatra
Se apertavam só pra me ver melhor
Que a tua boca de Iracema
Se contraia só por ela só
Que era ciúme que eu via
Quando a morena vinha e ia
No meu braço e além
Ela quase meu neném 

Teve ciúme nos teus gestos
Que eu bem sei
E teve suor na tua testa
Ora, se teve, bem

Mas vá indo que eu sei
Que tu não me quer por bem
Se não, quer também
Que eu seja mais um escravo
Do teu vai e vem

Teve ciúme teu sorriso gostoso
Que eu sei
Teve ciúme nos quadris
Teu Rogaipornozamém

Que era só abrir meus olhos
Que lá tava tu, sendo tu que só tu
Mole que só o tiú
Preta que só o jacú
Eu lá nem aí pra ti
Tu me cozendo, eu teu tutú 
Eu lá nem te olhando
Tu me açoitando
Eu a teu mando
Tu me negando tu  

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Marcas de passos no Jardim

Os caminhos formais
De ângulos retos
Formam quadrados
Mas os passos vão na hipotenusa
No manto de grama do caminho
Lembrando que o Estado manda
Mas nem tanto,
Que o pé vai sozinho
Pelo rumo mais rápido
Não pelo mais certo,
E a terra aberta
Lembra que já de nascença
A grama vai mais macia
Que o concreto
E que o concreto
Só não é tão armado
Quanto o Estado manifesto 

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Revolta

O canto que acata a voz dos de baixo
Vem de cima
De cima da cama de palha
Do estofado de molho 
Num balde na tralha do quarto

O canto que acalanta o olho molhado
É farto
É farto de fome e de sono
E ainda assim é firme
É firme o choro e o canto
No canto do quarto 
Que vive num filme
Em preto e branco
Numa foto em quatro por quatro

Não vem das cores da Globo
Nem das folhas do Globo
Vem do globo ocular e da garganta
Seca firme e fraca
O choro branco e o canto preto
Da pele preta e branca
Do peito branco e preto
Das camadas mais altas da sociedade
Na escala do medo