terça-feira, 3 de setembro de 2013

Revolta

O canto que acata a voz dos de baixo
Vem de cima
De cima da cama de palha
Do estofado de molho 
Num balde na tralha do quarto

O canto que acalanta o olho molhado
É farto
É farto de fome e de sono
E ainda assim é firme
É firme o choro e o canto
No canto do quarto 
Que vive num filme
Em preto e branco
Numa foto em quatro por quatro

Não vem das cores da Globo
Nem das folhas do Globo
Vem do globo ocular e da garganta
Seca firme e fraca
O choro branco e o canto preto
Da pele preta e branca
Do peito branco e preto
Das camadas mais altas da sociedade
Na escala do medo

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