quinta-feira, 5 de julho de 2012

Nonato


Piauí, menino besta.
Nasceu no Piauí
Mas não nasceu Piauí
Nasceu Raimundo Nonato
E, de fato, cresceu em Upaon-Açu
Mas foi morar em Goiânia
Devido ao emprego do pai
No Itaú

Raimundim, abestado
Foi virar Piauí numa cadeia do Rio de Janeiro
E pro Três Rios, pro Angra, pro da-Rocinha
Era chamado estrangeiro
“Tu, de outro país, vem pro Vermelho!”
Dizia o do Comando
“Vem pro Terceiro”
Diziam noutro bando
Mas foi bater no subsolo,
Que, de um falo,
Não seria nem a base das bolas

Piauí, por besteira.
“Piauí!”, “Foi visto!”, na refeição matinal
“Piauí”, era o que dizia
Sua cueca no varal
“Mas esse tal de Piauí
Fica em que região de São Paulo?”
Perguntou, um dia,
O de São Gonçalo

Raimundo Nonato, que bosta
foi lembrar seu nome
No dia em que o Juiz negou o alvará
Passou a dor na costa
Passou a fome
São não passou aquele cheiro de merda no ar

Piauí... agora basta!
Se entregou àquela condição
Agora é líder de cela
E espera a liberdade provisória
Pra sair no natal
E mandar ao juiz uma carta precatória
Alterando sua residência
Da Barra da Tijuca para o inferno, 
Sem mais história

Indigente, vai ser festa!
Vai subir Minas, Goiás, Tocantins,
Passar no Maranhão, Pará, Parintins,
Voltar pro Pará, Amapá e, por fim,
A Guiana Francesa!
Onde aplicará seu francês
E a indigência terá mais beleza
Até em casual encontro com a Federal...
Dizem que lá tem Todinho na sobremesa!

Indigent, c'est pas qu’un rêve,
Enchanté! C’est un plaisir d'être ici!
Mais j’attends la vie se finir
Pour que je retourne au Piauí

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