Chegará o dia em que a tua carne
Queimada ao fogo, ou sob terra e lama
Reclamará o corpo que hoje se inflama
Sonhando tarde um dia ser tua tenda
Hoje ele é fonte onde tu és fenda
Amanhã, fétida cor de langanha
Se hoje ele tem borboletas na entranha
Em breve só vermes serão sua prenda
Não negas assim um corpo que ostenta
Tanto desejo por essa tua pele
Enquanto sois ainda dois marmanjos
Aproveita o fogo que a morte lenta
Apaga, fazendo, de ti e dele,
Mais um soneto de Augusto dos Anjos
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