segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Seja Malvindo

Seja muito malvindo
E volte o quanto antes ao teu país
Veja que somos capoeiristas
E podes, em um golpe de vista,
Atingir nosso pé com teu nariz

Seja malvindo e volte sempre
À tua terra, não à minha
Que nunca compreenderás com o dicionário
O que faz nosso imaginário
Chamar "ma mère" de mãínha

Malvindo sejas à minha nação
Que se estende da Bahia ao Maranhão
E que não te convida a ser espectador
Das nossas belezas e misérias.
Nada saberás dos batuques de tambor em tuas férias,
Para ti, cantor será sinônimo de cantador
Não te serviremos de fotografia
Não gozarás da nossa folia
Não te treparemos num andor

Seja malvindo e não volte
Pois, quando sentires saudades,
Nós é que visitaremos tuas cidades
E levaremos bananas para os teus macacos.
Riremos do jogo de péla,
Que também não compreenderemos,
Enrabaremos tuas donzelas,
Se é que não já as comemos
E defecaremos na tua água.
Hoje és alazão, amanhã égua
Não te agonia, não guardamos mágoa

Seja malvindo e perdoa
Se cismei mais que pude,
Somos assim sem vergonha
Tocamos cavaco, não alaúde
Não somos nem nunca seremos nobres:
Um tanto esquerdistas no mapa Mundi,
Temos uns trinta nomes para vagina
Uns vinte para menina
Uns quinze para bolinha de gude.
Desculpa o português roto
Meio jeje, meio bantu, meio tutsi
Mas fica o recado dessa nação pobre
E um tanto podre:
Va te faire foutre!

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