domingo, 23 de setembro de 2012

Cu

Cu,
Olho único da face caolha da bunda,
Não importa em que direção aponta
Nunca é chamado zarolho por afronta,
Por ser só na sua jornada quente e úmida

Cu,
Massa orgânica retraída e tímida,
Sedenta por fricção,
Que tem seu prazer estirpado
Por preconceito e discriminação:
Cada um quer o cu do próximo, de fato,
Com a contradição de manter o seu próprio
Em eterno celibato

Cu,
Anel carnal que celebra o auge da intimidade.
À aliança de ouro, se reservam o anelar, o bolo, os fogos;
Ao anel do cu, só cuspe e o dedo médio, o Maior-de-todos.
És, em verdade, cu,
Romântica ampola que por amor se esfola
Só pedindo o descanso póstumo em troca,
Romântico tolo

Cu,
Órgão que Deus primeiro deu
Aos deuterostomados,
Que reservam à tua filha, a boca,
Escova, pasta, listerine, bala de menta,
E a ti, quando muito,
Papel limpador de merda.
Mas, pensemos: sendo deuterostomos,
Obra do barro de Deus
É o que poderíamos ser;
Proliferação celular do cu
É o que de fato somos

Cu,
Vaso representante da alta tecnologia da natureza,
Que, com sua beleza cilíndrica e seu trio de pregas,
Separa o gás, o líquido e o sólido,
O flátulo em vento e os dejetos em postas
Deixando, ao peido, insignificantes átomos de bosta


Cu,
Dedico a ti esta singela poesia
Que se tornará uma ode afinal
Quando, com base no toque retal,
Eu me dedicar um dia
Ao estudo aprofundado da proctologia

Com todo o meu apego,
Um sincero beijo grego






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