segunda-feira, 11 de abril de 2011

Canto de caderno

Ultimamente tenho andando corcunda
Estou curvado sob as mágoas humanas
Curvado sem ter um canto
Curvado sem o menor encanto

Enquanto o mundo engole seu fugaz choro
Engulo sapos, águias, leões
Engasgado e meu grito desafina
Engasgado com saliva, com urina

Posso até gritar em vão
Mas nem que sufocado esteja
Nem que ao gole de cerveja
Nem que à bala do canhão
Grito com ou sem razão
Mas grito o que minha voz almeja
Grito o que o povo não deseja

É que, de tanto gritar o não,
Um dia haverá apenas sussurros
E ouvido algum no mundo doerá

22/08/2006

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