Sei que eu
me apego a imagens
E que nelas
há mensagens que só entendem os que olham com destreza
E que nelas
há sorrisos que disfarçam a tristeza
E que há
olhares que embebedam qualquer homem sóbrio
Desculpe se
me apego às tuas imagens
Feito um
órfão que encontra no fundo da gaveta
Os olhos da
mãe à espreita
Num eternizado
reboliço de cores
Sei que teus
olhos são vulgares!
E não
pretendo gastar a tinta, a pena e a mão
Fazendo o
refrão de canções que tantos já cantaram
E que, pelas madrugadas, tantos dedos aleijaram
Mas que pensar
da imagem que fizestes de ti?
Tua alma se
interpretando
Tantos olhos
maltratados
São lindos
os cabelos e os coqueiros e os pássaros
E o meio
sorriso que engana teus amados
Feito dissesse "Eu pássara. Tu passarás!"
Feito dissesse "Eu pássara. Tu passarás!"
Mas sob as
sobrancelhas tão bem desenhadas
Há algo que
em nada me agrada
Sei que teus
olhos são vulgares!
Me parecem
uma miragem
Mas não são
teus os olhos
Que eu vejo
na imagem
17/05/2012
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