O
difícil não é cantar
O
que de duro há em mim
E
o que de claro há em si
Como
o vento venta ou a nuvem passa,
O
que me tolhe
Não
é criar asas,
Buscar
casa e não achar enfim.
Posso
plantar um beijo
E
colher carmim, catuaba, uva passa,
Não
é isso o que me arrasa.
É fácil chorar um mundo vão
E
na mão, um violão não me cai mal
Posso
cantar um mundo val
Embora
o canto seja ficção.
Encontro
letras na madeira
Mas
me seduz também o neutrino
E,
no abismo em que me inclino,
Posso,
ante o rebento, ser doutor ou parteira
Mas bem, o que eu quero é cantar
Não
feito passarinho
Que,
embora belamente rime com ninho,
Não
rima com a urtiga que me abrasa,
Quero
uma voz com ardor e estranheza:
No
estranho, está a beleza,
Na
frieza, não há coração,
Ou
antes o há sozinho
2008
Nenhum comentário:
Postar um comentário