sexta-feira, 15 de junho de 2012

Mais Uma


Eu tava ali, num lugar em que eu era ninguém
Tu tava ali, e tu também ali não era ninguém
E tu me chamou pra dançar
Simplesmente porque a minha barba
Era de alguém que não seria ninguém ali
E eu concedi

De repente era tu na minha cama
E tu era de mil novecentos e oitenta e seis
E tu tinha um pai que descobriste não ser teu pai
Aos dezessete
E tu dissestes outra vez
Que teu pai era teu pai além dos dezessete
E tu ria de piadas bestas
E era formada e não curtia festas
E tu era tão estranha
Que só comia pizza com talher e arroz com a mão
E odiava feijão, manga e pamonha
Totalmente estranha...

De repente a cama era minha
E eu fazia poesias e tocava violão pra te fazer dormir
E tocava cavaco pra te fazer acordar
E era parente de alguém, sabe lá quem
E era de longe
E tinha um quadro do longe na parede
E estudava qualquer besteira
E, de repente, deixamos de ser ninguém

E tu te foste
Me deixando apaixonado por mais uma história
Todas têm uma história
E eu me apaixono por todas
Eu me entrego sem miséria

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