Também
o berimbau estava esquecido na gaveta
E
em segredo nem era berimbau
Mas
uma cabaça cortada, um chocalho, uma vara
Uma
pedra e um arame pregado num pedaço de pau
E
aí me veio o ócio
E
se fez o sol
Pois
não era ócio de inverno, de vício, de preguiça
Mas
do verão com sua malícia
Daí
meu braço, sem tônus nem força
Junto
ao calcanhar, ao joelho e à batata da perna
Fizeram
movimento de quem baila com moça
E
torceram a berimba sem nenhuma pena
O
arame, já enferrujado,
Segurou
a tensão num único agudo
Que
a pedra, indo e vindo de lado,
Fazia quase em diminuto
E
a vara fez-se baqueta
E
o chocalho se fez caxixi
E
diante dessa madeira torta
Fez-se
Rio, Bahia e Maranhão tudo aqui
Nenhum comentário:
Postar um comentário