segunda-feira, 18 de junho de 2012

Canto de psiquiatria


Toda felicidade tem um nome patológico
Toda tristeza pode ser descrita num laudo belamente
Mania, ansiedade, hiperatividade dopaminérgica cortical
Depressão, distimia hipotímica, coisas da mente...

Mas eu lhe digo, morena, que é tudo alma
E alma é a mente de que nada sabe a ciência
Então, se o doutor lhe disser que depois da alegria vem a demência
Lhe diga “calma, que minha alma tem potência
Que te ultrapassa em sapiência”

Veja, morena, que em casa eu tenho uma sanfona
Em que eu arrocho o mais underground baião
E se eu lhe chamo acordeom?
Que diferença faz
Se quem manda nos sustinidos e bemoludos
São meus dedos,
Em tudo mais astutos
Que os dedos da ciência cheia de medo

Morena, talvez lhe falte um cheiro
Um daqueles no cangote bem dado
Ou um daqueles perfumados do cajueiro
Ou talvez não te falte nada
Que não se aturar sendo tua por inteiro

Desculpe, morena, meter o dedo
Onde não fui chamado e até mesmo fui convidado a me retirar
Mas me angustia, e tu não sabe como,
Ouvir a medicina restringindo uma alma em si espetacular
Com seus termos e condutas
drogas (e drogas brutas)!
E me meto também porque gosto de ti,
Não é segredo nem é por baixo dos panos...
Então, quando o doutor lhe chamar bipolar, por favor,
Diga “doutor, bipolar é a pilha que eu vou socar no seu ânus”

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