Tu
acredita que ela me disse que paixão é coisa de criança?
Eu
não acreditei, mas pensando bem é assim a ofensa
Que
tenta ganhar o discurso a todo custo com sentença
Que
contradiz o que se pensa
Fazendo,
do argumento,
Contradança
do pensamento
Mas
pensa bem, se é de caráter infantil se apaixonar
Qual
será a qualidade etária de se desculpar
Antes
mesmo de se fazer o que se quer fazer?
Antes
não julgar do que se estar do julgo à mercê
Pobre
voz minha, que nunca foi párea
para o teu avançado fármaco, menina
Mas
prefiro te entupir de chocolate
Que
impedir a recaptação no âmago da ação
Da
serotonina
É
uma pena essa voz não ser grande coisa
Mas
esteve disposta a humildemente te cantar
E
os meus versos, coitadinhos, tão contadinhos nos dedos
Agora
têm medo de se pensar não terem sentimentos
Pensas
que não há? Pois há!
E
vê bem tu que eu sou da terra cuja alma
Se
lava entre o Tocantins, o Gurupi e o Parnaíba
Que
se fosse acaso duma mão a palma
Teria
o Mearim como linha da vida
Terra
de Alcione, João do Vale e Papete,
Do
Baleiro e do Gonçalves que tanto cisma
Do
Gullar e do Aranha, antagônicos, complementares
Sou
da terra que à minha poesia incita
Mas
que não a delimita
Mas, mudando de pau pra cacete,
Tu acha que ela tem noção do que é viver o cárcere?
Tu acha que ela tem noção do que é viver o cárcere?
Do
medo que na alma se assoma
Da
insegurança que assombra
O
toque mais fugaz
E
de repente ter de volta um chão que foi seu
Ser
admirado, ter o ego elevado ao céu
Poder
ver no espelho que mais do que respeito
Um
rosto masculino pode ter beleza
E
descobrir que a voz não é só um grunhir contrafeito
Mas
um couche avec moi, um obrigado, um amém na reza
Percebe, entretanto, que o principal foram os ouvidos
Que
ela com um ouvir tão alteado
E
eu com um falar tão reduzido
Consegui
expor um pouco do que há muito
Vinha
comprimindo
Entre a pele e as vísceras
Entre a pele e as vísceras
Entre
a nuca e os tímpanos
Eram
ouvidos alvos pra cheirar, morder, soprar
E
atentos feito burufenga no altar
Ela
nem sabe, mas eu ainda escolhi o que me aprazia
Já
que o primeiro encontro era dia de encontro
De
outros ouvidos bem atentos
Que
me ouviram outro dia...
Mas
bem, se ela me disse pra deixar de vício
Por
favor, pegue meu cigarro acolá
Que
eu vou fumar pra não dizer que é desperdício
O
tempo que eu gastei falando de laiá
Num
levanto daqui porque não quero
Não
porque tá difícil
Se
ela se angustia
Ela
que se vá!
Beijo
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